segunda-feira, 23 de março de 2009

Urban Exploration



EXPLORAÇÃO URBANA: OS INDIANA JONES DA CIDADE

Por: Olatz Arrieta


Fonte: http://www.rizoma.net/interna.php?id=218&secao=anarquitextura



São os últimos lugares não explorados da terra: edifícios abandonados, túneis de todo tipo, catacumbas, esgotos, e até silos nucleares. Estes são alguns dos destinos dos chamados exploradores urbanos, um movimento que se propaga de Moscou a Paris e que se encontra em plena ascensão graças à Internet.

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A infiltração ou exploração urbana já existia nos anos 60, especialmente nos Estados Unidos, com grupos como o Suicide Club de São Francisco, que se dedicava a organizar guerrilhas urbanas para realizar excursões subterrâneas à beira do suicídio. Mas com a chegada da Internet, o movimento da infiltração tem crescido de maneira espetacular. Teclando-se a expressão “urban exploration” num buscador como o Google produz um resultado de quase 400.000 páginas. Existem listas de correio eletrônico, revistas e até um website chamado Urban Exploration Ring que engloba 78 páginas dedicadas a este hobby.


Criado no início de 1998, o Urban Exploration Ring se converteu no espaço de encontro dos exploradores urbanos, o lugar virtual em que eles trocam informação, contam suas últimas façanhas e recomendam locais para explorar graças a sites como Planetjinx e Infiltration. Planetjinx publica uma revista on-line chamada Jinx, na qual não apenas se incentiva a explorar os lugares proibidos, mas também a recolher informação para lutar “pela liberdade e contra os inimigos”. A filosofia desta segunda missão não está muito clara já que na lista de inimigos aparecem desde a Microsoft até o Partido Comunista. Os internautas aficcionados da exploração urbana não apenas partilham na rede a emoção de entrar num local proibido, mas igualmente publicam fotos e vídeos de suas conquistas. É o caso de Zone Tour, uma organização on-line que serve de mostrador para que os exploradores mostrem suas infiltrações.

Os exploradores urbanos costumam fugir da imprensa para não serem identificados e acusados de atividades ilícitas. “No geral, não gosto de dar muitos detalhes sobre os lugares onde me infiltrei”, diz um explorador austríaco que se faz chamar “Pink”. Alguns, contudo, o divulgam aos quatro ventos e até tiram proveito disso. Em Nova York, a artista Julia Solis é conhecida pelas festas que organiza nos túneis do metrô: os convidados bebem uma taça a meia luz com o ruído de fundo dos vagões. Além de festejar com seus amigos, Solis conta com uma agência de viagens na Internet chamada Dark Passage, onde oferece excursões com três níveis de risco, desde o mais seguro que consiste em se infiltrar em um complexo abandonado de patinação sobre gelo, até a excursão de alto risco que envolve andar em túneis de metrô sem que um vagão o atropele.


A maioria dos exploradores urbanos se inicia na universidade. No Estados Unidos não há quase nenhum centro de ensino superior que não conte com sua própria equipe de exploradores urbanos e sua página web correspondente. O Ben-Net compila os mapas subterrâneos da maioria das universidades dos Estados Unidos. Recompilando a informação tornada pública sobre a construção das universidades, estas páginas oferecem tudo que se deve saber para se entrar sem ser visto nos canais do ar condicionado ou nos túneis de manutenção. Algumas universidades como o College of William and Mary contam mesmo com uma cripta. Para mjuitos jovens, a exploração urbana acaba sendo devido a seu caráter minoritário. “É algo como o rock punk, algo que não tem muitos seguidores”, afirma um estudante anônimo da Universidade Virginia Tech.



Quase todas as páginas dedicadas à exploração urbana advertem que se meter em lugares proibidos é perigoso e ilegal. Entre os dez mandamentos do explorador urbano há três que são fundamentais: não tocarás ou te apropriarás daqueles objetos que encontres em seu caminho, não arriscarás a vida e te preocuparás com a segurança daqueles que te acompanham. Estados Unidos e Austrália são os países que contam com mais exploradores. Na Europa a maioria se encontra na França, talvez por que as catacumbas de Paris são um dos lugares mais aprazíveis do mundo para se sondar. Mas a aventura mais excitante de todas é, sem dúvida, a de se infiltrar num silo nuclear. Um explorador estadunidense publicou na Internet as fotografias de sua façanha em uma viagem interativa que já recebeu mais de 850.000 visitas, segundo afirma. O infiltrado foi descoberto pelas autoridades e detido, mas conseguiu manter seu anonimato. Os responsáveis pelo Planetjinx recomendam aos exploradores urbanos não falar com a imprensa por que devido a artigos como este a exploração urbana se torna mais conhecida e poderia perder seu caráter minoritário e exótico.

Tradução de Ricardo Rosas

Fonte: Telepolis (http://www.telepolis.com/).

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