sábado, 27 de novembro de 2010

Footnote to Howl


Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy!
Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy!
The world is holy! The soul is holy! The skin is holy!
The nose is holy! The tongue and cock and hand
and asshole holy!
Everything is holy! everybody's holy! everywhere is
holy! everyday is in eternity! Everyman's an
angel!
The bum's as holy as the seraphim! the madman is
holy as you my soul are holy!
The typewriter is holy the poem is holy the voice is
holy the hearers are holy the ecstasy is holy!
Holy Peter holy Allen holy Solomon holy Lucien holy
Kerouac holy Huncke holy Burroughs holy Cas-
sady holy the unknown buggered and suffering
beggars holy the hideous human angels!
Holy my mother in the insane asylum! Holy the cocks
of the grandfathers of Kansas!
Holy the groaning saxophone! Holy the bop
apocalypse! Holy the jazzbands marijuana
hipsters peace & junk & drums!
Holy the solitudes of skyscrapers and pavements! Holy
the cafeterias filled with the millions! Holy the
mysterious rivers of tears under the streets!
Holy the lone juggernaut! Holy the vast lamb of the
middle class! Holy the crazy shepherds of rebell-
ion! Who digs Los Angeles IS Los Angeles!
Holy New York Holy San Francisco Holy Peoria &
Seattle Holy Paris Holy Tangiers Holy Moscow
Holy Istanbul!
Holy time in eternity holy eternity in time holy the
clocks in space holy the fourth dimension holy
the fifth International holy the Angel in Moloch!
Holy the sea holy the desert holy the railroad holy the
locomotive holy the visions holy the hallucina-
tions holy the miracles holy the eyeball holy the
abyss!
Holy forgiveness! mercy! charity! faith! Holy! Ours!
bodies! suffering! magnanimity!
Holy the supernatural extra brilliant intelligent
kindness of the soul!




Berkeley 1955

(Allen Ginsberg)

domingo, 21 de novembro de 2010

Eu pensava que a terra remendava com o céu



No meu pensamento de antigamente,

Quando eu era menino,

O mundo, eu pensava

Que era que nem tocaia,

A terra remendava com o céu.

O sol,

Eu pensava que eram muitos,

Passando dias e dias.

A noite,

Eu pensava que era que nem fumaça,

Porque quando o sol ia embora,

A noite vinha cobrir o mundo.

O céu,

Eu pensava que era que nem ferro,

Nunca acaba.

A chuva,

Eu pensava que eram alguns bichos grandes,

Esturrando em cima do céu.

O homem,

Eu pensava que só nós mesmos vivíamos,

Só nós mesmos, o povo Kaxinawá.

Um dia, eu vi um branco chegando na nossa casa falando diferente. Mas eu pensava que quando eu fosse na casa dele, ele ia falar em Kaxinawá. Uma dia, eu fui viajar com meu pai, para ver onde estava a terra remendada com o céu. Nós íamos descendo o rio e quando passaram alguns dias perguntei ao meu pai onde estava a terra remendada com o céu. O meu pai me disse que não estava remendada a terra com o céu. Que o mundo é muito grande e não tem fim...


(Noberto Sales Tene Kaxinawá)



Fonte: http://www.bibliotecadafloresta.ac.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=733:poesiasdafloresta&catid=17:notas&Itemid=217

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Não se torne uma colônia





"Enquanto escrevo estas linhas, os trabalhadores franceses lutam para reduzir sua jornada de trabalho de 40 para 35 horas semanais. Estão se esforçando muito para consegui-lo, mas como usarão estas cinco horas? Se usarem-nas como fazem aos sábados à noite, ficando sentados num bar ou diante da televisão, será um terrível desperdício. Todos precisamos de tempo para relaxar e viver, mas como? Geralmente quando temos algum tempo livre, assistimos a qualquer coisa que esteja passando na televisão a fim de evitar "não ter nada para fazer", o que significa ficar em casa sozinhos com nós mesmos. Assistir à televisão pode nos deixar mais cansados, nervosos e desequilibrados, mas raramente observamos esses resultados. O tempo livre que tanto lutamos para conseguir é capturado pelos canais de televisão e pelos produtos dos anunciantes. Terminamos sendo a colônia deles. Precisamos encontrar maneiras de usar nosso precioso tempo para descansar e ser felizes.

Podemos escolher bons programas na televisão para assistir, lugares bonitos para ir, encontros com amigos queridos, livros e discos que nos convêm. E podemos viver de maneira relaxada e satisfeitos com aquilo que escolhemos. Lembre-se de que somos aquilo que escolhemos. Você já esteve numa praia ao raiar do sol, ou no topo de uma montanha ao meio-dia? Você estendeu bem os braços e respirou profundamente, enchendo os pulmões com o ar puro e limpo, com ilimitada imensidão? Você se sentiu como se fosse o céu, o mar ou a montanha? Se você estiver muito longe do mar ou da montanha, você pode sentar-se de pernas cruzadas e respirar suave e profundamente, e o ar, a montanha e todo o universo o penetrarão."


(Thich Nhat Hanh - O Sol Meu Coração, pgs. 47 / 48)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Criação.



Hakim Bey inicia o capítulo "Vontade de Poder como Desaparecimento", do TAZ, com uma breve interpretação sobre a idéia de desaparecimento social para Foucault e Baudrillard, que vai se desdobrar no resto do capítulo. Quem quiser mais detalhes, pode ler o livro no protópia: TAZ .

O que nos interessa mesmo aqui é a nota de rodapé colocada pelo Hakim Bey ao fim desse parágrafo. Abaixo:

"Talvez isso seja uma grotesca interpretação americana de uma sublime e sutil teoria franco-germânica. Se for, tudo bem: quem foi que disse que a compreensão era necessária para se usar uma idéia?"

sábado, 6 de novembro de 2010

Chanson d'Automne




Les sanglots longs
Des violons
De l’automne
Blessent mon coeur
D’une langueur
Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l’heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure

Et je m’en vais
Au vent mauvais
Qui m’emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.



(Paul Verlaine)