Hoje o blog está de luto.
Por este motivo, reuni aqui alguns artigos a respeito do falecimento de Lévi-Strauss (cuja obra é bastante cidada neste blog, sendo de grande influência para os temas aqui tratados). Eu poderia ter colocado mais artigos e comentários, mas eram muitos e não tive tempo de ler todos. Quem quiser pode colocar links ou indicações de leitura na parte de comentários desta postagem.
Espero que gostem da homenagem, que, apesar de simples e tosca, é bastante sincera.
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Claude Lévi-Strauss, 1908-2009
From: Lydia Robin
Mes chers collègues,
J’ai la tristesse de vous annoncer la disparition de notre collègue Claude Lévi-Strauss, dans sa 101ème année.
Nous aurons prochainement l’occasion de nous retrouver pour lui rendre hommage.
Je vous prie de croire, mes chers collègues, en l’assurance de mes sentiments amicaux.
François Weil
—Lydia Robin
Secrétariat de la présidence
EHESS
Extraído de: Blog Savage Minds
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USP reconhece em Lévi-Strauss um de seus mais dignos fundadores
Valéria Dias / Agência USP
A reitora da USP, professora Suely Vilela, emitiu no início da noite desta terça-feira (3) uma mensagem em que expressa o pesar da instituição pela morte do etnólogo e antropólogo Claude Lévi-Strauss, ocorrido no último sábado, mas somente divulgado nesta terça-feira (3). Em 2 de setembro do ano passado, já em meio às comemorações dos 75 anos de fundação da USP, o Conselho Universitário (CO) aprovou a concessão do título de Doutor Honoris Causa ao mestre reconhecido internacionalmente como o pai do estruturalismo. “A Universidade de São Paulo reconhece em Claude Lévi-Strauss um de seus mais dignos professores fundadores, sobretudo por ajudar decisivamente, por meio de sua competência, à construção da grandeza de nossa Instituição”, expressa a reitora no texto.
Para a professora Sylvia Caiuby Novaes, do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, “a Universidade de São Paulo foi o início de uma carreira brilhante. Tivemos o privilégio de acolher Claude Lévi-Strauss”, aponta. Sylvia destaca que o professor contribuiu para que a antropologia passasse a ser uma disciplina de ponta dentro das Humanidades, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Outra grande contribuição do antropólogo foi, segundo ela, colocar o pensamento indígena em pé de igualdade com qualquer pensamento encontrado na filosofia ocidental. “É importante citar isso num momento tão anti-indígena como este que estamos vivendo agora”, diz.
Sylvia lembra que Lévi-Strauss era um professor desconhecido, tinha menos de 30 anos quando aceitou integrar a missão que deu origem à USP, em 1934. Formado em Direito e Filosofia, acabou se decidindo pela Antropologia a partir da experiência que viveu no Brasil. “Ele ficou fascinado pelas populações indígenas que encontrou na viagem que fez pelo País. Após 20 anos dessa viagem, em 1955, ele publicou Tristes Trópicos, onde percebemos que ele era um jovem apaixonado pelas coisas que encontrou ao longo desta viagem.”
Sobre a morte do intelectual, Sylvia afirma que “na cabeça da gente ele não morre, mesmo porque a obra dele continua”. Ela cita que o pensamento de Lévi-Strauss é muito presente em outros antropólogos, como o brasileiro Eduardo Viveiros de Castro. “Existe uma continuidade na obra dele.”
Humanista
Para o professor Vagner Gonçalves da Silva, do Departamento de Antropologia da FFLCH, Claude Lévi-Strauss é um dos últimos grandes intelectuais do mundo, e pode ser enquadrado na categoria dos “gênios”. “A morte de Lévi-Strauss encerra um ciclo dos grandes heróis do pensamento. O mundo se tornará um lugar menos inteligente para se viver”, aponta, lembrando que além de sua importância enquanto teórico da antropologia, ele era também um grande humanista.
Vagner Gonçalves da Silva destaca que, em novembro de 1998, o Departamento de Antropologia fez uma homenagem aos 90 anos de Lévi-Strauss por meio do Seminário Lévi-Strauss e os 90 que reuniu especialistas na obra do intelectual francês. O material foi reunido e está disponível na internet. Segundo Silva, trata-se de um dos números mais requisitados da revista.
Em 2008, o departamento de Antropologia da FFLCH e o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da FFLCH promoveram o ciclo de conferências Sentidos de Lévi-Strauss, no centenário do antropólogo. De acordo com a professora Sylvia Caiuby Novaes, a idéia dos organizadores do evento é também publicar este material.
Extraído de: http://www4.usp.br/index.php/institucional/17839-usp-reconhece-em-levi-strauss-um-de-seus-mais-dignos-fundadores
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Extraído de: http://www4.usp.br/index.php/institucional/17839-usp-reconhece-em-levi-strauss-um-de-seus-mais-dignos-fundadores
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Morre aos 100 anos o antropólogo Lévi-Strauss
Do UOL Notícias*
Em São Paulo
Atualizado às 15h46
O etnólogo e antropólogo estruturalista Claude Lévi-Strauss morreu na noite de sábado para domingo (1º) aos 100 anos, de acordo com um porta-voz da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris, na França. Ainda não há informações sobre a causa da morte do antropólogo. O falecimento foi divulgado pela editora Plon.
Nascido em Bruxelas, na Bélgica, Lévi-Strauss foi um dos grandes pensadores do século 20. Ele, que completaria 101 anos no próximo dia 28, tornou-se conhecido na França, onde seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da antropologia. Filho de um artista e membro de uma família judia francesa intelectual, estudou na Universidade de Paris.
De início, cursou leis e filosofia, mas descobriu na etnologia sua verdadeira paixão. No Brasil, lecionou sociologia na recém-fundada Universidade de São Paulo, de 1935 a 1939, e fez várias expedições ao Brasil central. É o registro dessas viagens, publicado no livro "Tristes Trópicos" (1955) que lhe trará a fama. Nessa obra ele conta como sua vocação de antropólogo nasceu durante as viagens ao interior do Brasil.
"Ele soube partir do empirismo para dialogar e colocar a antropologia em pé de igualdade com outras ciências humanas, como a filosofia. Lévi-Strauss é um autor fundamental", afirma Renato Sztutman, professor do Departamento de Antropologia da USP e mestre e doutor em Antropologia Social na área de etnologia indígena.
Exilado nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Lévi-Strauss foi professor nesse país nos anos 1950. Na França, continuou sua carreira acadêmica, fazendo parte do círculo intelectual de Jean Paul Sartre (1905-1980), e assumiu, em 1959, o departamento de Antropologia Social no College de France, onde ficou até se aposentar, em 1982.
O estudioso jamais aceitou a visão histórica da civilização ocidental como privilegiada e única. Sempre enfatizou que a mente selvagem é igual à civilizada. Sua crença de que as características humanas são as mesmas em toda parte surgiu nas incontáveis viagens que fez ao Brasil e nas visitas a tribos de indígenas das Américas do Sul e do Norte.
O antropólogo passou mais da metade de sua vida estudando o comportamento dos índios americanos. O método usado por ele para estudar a organização social dessas tribos chama-se estruturalismo. "Estruturalismo", diz Lévi-Strauss, "é a procura por harmonias inovadoras".
A corrente estruturalista da antropologia, da qual Lévi-Strauss é o principal teórico, surgiu na década de 40 com uma proposta diferente da antropologia de viés funcionalista, predominante até então. "O funcionalismo se preocupava com o funcionamento de cada sociedade e em saber como as coisas existiam na sua função social. O estruturalismo queria saber do trabalho intelectual. Olhar para os povos indígenas e buscar uma racionalidade e uma reflexão propriamente nativa", diz Sztutman.
Suas pesquisas, iniciadas a partir de premissas linguísticas, deram à ciência contemporânea a teoria de como a mente humana trabalha. O indivíduo passa do estado natural ao cultural enquanto usa a linguagem, aprende a cozinhar, produz objetos etc. Nessa passagem, o homem obedece a leis que ele não criou: elas pertencem a um mecanismo do cérebro. Escreveu, em "O Pensamento Selvagem", que a língua é uma razão que tem suas razões - e estas são desconhecidas pelo ser humano."
Ele abriu um caminho para pensar a filosofia indígena, valorizar o lado intelectual dos povos estudados, e não ficar naquela coisa 'nós (ocidentais) temos uma grande teoria e eles não'. Lévi-Strauss abriu caminho para valorizar o aspecto intelectual de outras populações", acrescenta Sztutman.
Lévi-Strauss não via o ser humano como um habitante privilegiado do universo, mas como uma espécie passageira que deixará apenas alguns traços de sua existência quando estiver extinta.
Membro da Academia de Ciências Francesa (1973), integrou também muitas academias científicas, em especial européias e norte-americanas. Também é doutor honoris causa das universidades de Bruxelas, Oxford, Chicago, Stirling, Upsala, Montréal, México, Québec, Zaïre, Visva Bharati, Yale, Harvard, Johns Hopkins e Columbia, entre outras.
Aos 97 anos, em 2005, recebeu o 17o Prêmio Internacional Catalunha, na Espanha. Declarou na ocasião: "Fico emocionado porque estou na idade em que não se recebem nem se dão prêmios, pois sou muito velho para fazer parte de um corpo de jurados. Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente".
*Com informações do UOL Educação
Extraído de: http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/11/03/ult1859u1791.jhtm
Extraído de: http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/11/03/ult1859u1791.jhtm
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Claude Lévi-Strauss (nota da ABA)
A ABA tem o pesar de informar a seus associados a morte de Claude Lévi-Strauss, um dos mais destacados antropólogos da atualidade, no dia 01 de novembro, aos 101 anos de idade.
Extraído de: http://www.abant.org.br/
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O album do UOL traz belas imagens do e com o antropólogo
Há também a matéria do Estadão
Alguns comentários acerca da morte de Lévi-Strauss e, embaixo, um link com entrevistas interessantes (O Globo)
Para quem lê em francês, há trambém os seguintes artigos:
Entrevista com Roland Pourtier, geógrafo da Sorbonne
Artigo no Le Monde, com comentários de diversas pessoas, incluindo Philippe Descola e Nicolas Sarkozy
Entrevista com Françoise Héritier
Lévi-Strauss e a literatura
Editorial do Le Monde
No site do Le Parisien há mais informações e comentários.
3 comentários:
A ABA considerou os 11 meses de vida dele e contou como 101 anos pra arredondar. Achei legal!
E aí Lari, td bem?!
Olha só o email que eu recebi hoje:
"Será exibido hoje (05/11)na TV Cultura, o documentário sobre os nambiquaras e Lévi-Strauss, do cineasta e antropólogo Marcelo Fortaleza Flores, que conviveu com ele nos últimos anos para produzir "Trópico da Saudade - Claude Lévi-Strauss e a Amazônia". Flores fez as últimas entrevistas com Lévi-Strauss.
TRÓPICO DA SAUDADE - CLAUDE LÉVI-STRAUSS E A AMAZÔNIA
Quando: hoje, às 23h, na TV Cultura"
O Levi-Strauss não morreu, continua mais vivo que muitos (talvez a maioria) de nós.
Acredito que ele continue dando sequência, em outros planos, à rede de causalidades inconscientes que tão bem descrevia e admirava.
Bjs
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